terça-feira, 26 de outubro de 2010

5 - Paz e Terror em 4 Paredes

Depois de sua noite de sono, a qual mal dormiu de tanta ansiedade para o outro dia, Frederico levanta-se da cama, boceja e se espreguiça com um sorriso no rosto, ansioso para iniciar seu dia como novo estagiário no maior jornal da cidade, Liberton. Mal deu tempo de tomar banho ou café, pois ele já estava preparando os documentos para levar em sua filiação ao seu futuro chefe.

- Mas não é que você tomou banho rápido hoje... – disse sua mãe, como se suspeitasse de algo – O que houve?

- Ah, desculpe por não ter lhe contado mãe, mas eu fui chamado para estagiar no jornal Liberton ontem a noite!

- Nossa filho! Que excelente! Estou muito feliz por você. – disse ela e abraçou o filho – Então acho melhor você ir logo para não se atrasar.

Ele não pensou duas vezes, deu mais uma mordida no pão e saiu apressado, puxando sua mochila e correndo para a rua. Olhou de novo as coisas que havia imprimido para checar o endereço e pegou um ônibus que o dirigiria ao seu destino...

Ao acordar aquela manhã, abriu seus olhos, sentindo muita dor nas costas, e vendo o teto branco, com uma luz, paredes brancas e acolchoadas e somente uma porta com uma pequena brecha. Levantou-se, irritado, com dor no pescoço, e foi até a porta que estava lacrada por fora. Começou a bater furiosamente, até que um sujeito de jaleco e máscara de hospital veio até ele e ativou um dispositivo de comunicação dizendo:

- You must rest a little more...

“Você deve descansar um pouco mais…” pensou Maurício sobre o que havia dito. Estava confuso, pois não sabia aonde estava, a ultima imagem a qual se lembrava era a de Amanda vindo em sua direção com os seguranças...

- Onde eu estou? – perguntou Maurício em inglês ao suposto médico.

- Você está a salvo, não se preocupe, seu tratamento vai acabar logo e você voltará para casa. – respondeu o sujeito de branco.

- Onde diabos eu estou!? – insistiu Maurício, mas o médico simplesmente deu as costas e foi embora.

Ele percebeu que levou uma série de injeções, nos braços, no peito, no pescoço, e na perna. Mas que não haviam tocado nas partes íntimas dele, ele teve um alívio, pois havia guardado um pequeno celular que tinha nas partes íntimas, afinal, era morador de Belém, prevenir nunca é demais. Tirou o aparelho de lá no canto da sala, escondendo para que a câmera não o visse. E quando deu por si, estava fora de área de cobertura. Indignado, checou as horas, haviam se passado 14h dês da hora que havia sido preso, e segundo o último ponto de sinal aonde seu GPS havia passado, ele estava bem longe de casa... Na Inglaterra.

José havia ido cedo para o trabalho, cedo e animado, estava inquieto esperando Frederico, mesmo tendo marcado às 8h com ele e ainda sendo 7:30 estava apreensivo. Seu escritório parecia cada vez menor enquanto dava voltas dentro dele, até que a porta abriu, e por ela ele viu um garoto, de 1,70 de altura, corpo esbelto e branco, beirando a palidez, cabelos escuros e com leves ondulações desajeitadas, olhos escuros e fundos, e uma cara de espanto também, pois quando entrou na sala o seu chefe estava de pé próximo a porta...

- O senhor é José Lemos? – perguntou timidamente.

- Prazer. – respondeu José, enquanto apertava a mão de Frederico e depois o abraçava – que bom que viestes, eu já estava inquieto, e muito ansioso para chegares.

- Desculpe se me atrasei – respondeu Frederico enquanto ficou vermelho – ma- mas eu achei que seria só 8h, e ainda são 7:45...

- Não se preocupe com isso – respondeu José enquanto o convidava a sentar em uma escrivaninha próxima a dele – é que você é meu primeiro estagiário, que solicitei recentemente, pois trabalhar só não estava dando muito certo... Mas então, deixando isso de lado, vamos conversar sobre você.

- Sim senhor, – concordou Frederico sem jeito, sentando na cadeira – sobre o que o senhor quer saber?

- Bem, – deu um leve sorriso enquanto segurava um papel em suas mãos – vamos começar sobre seu ensino médio. Consta aqui que você estudou no colégio Taeros não é? Entrou na turma 1A de 2005...

- Desculpe senhor, - interrompeu o jovem Frederico, com uma cara assustada – Isso não constava no meu currículo, qual a relevância dessa parte?

- Hahaha... – gargalhou José, olhou para o papel e em seguida para o garoto novamente – bem, então acho que você já sacou o que fazemos aqui, não? Somos repórteres investigativos! Essa é uma das habilidades que temos que ter, eu fui atrás de seu passado para saber com quem estava lidando. É uma fase importante sabia?

- Entendo de certa forma, - respondeu Frederico, ainda assustado – mas eu vou fazer de tudo para conseguir ser útil e...

- Espere aí – interrompeu José – se você estiver se referindo ao fato de não estudar jornalismo e sim publicidade saiba que essa é um a das razões para eu ter lhe chamado, eu precisava de alguém desse curso para a função que desempenho! Sei exatamente o que estou fazendo, afinal, sou um dos melhores repórteres investigativos dessa cidade.

- Então acho que conheço o senhor... por acaso você é o chamado Electric Eye!?

- Então eu não sou o único que sabe por aqui não é? – disse descontraidamente José, então se levantou e andou até a sua esquerda, abrindo um armário – venha cá Frederico, quero lhe mostrar uma coisa.

Frederico se levantou e andou até o armário aberto, José puxou uma porta disfarçada com um pequeno prego para puxar, e abriu outra parte do armário, aonde haviam objetos, papéis, canetas, fones e um óculos.

- Esse sim é o Electric Eye... – disse José olhando para os óculos enquanto apontava – Esse foi meu maior trunfo em certa investigação que fazia.

- Então esse é o óculos da câmera!? Impressionante ver ele assim parece até coisa de filme quando contam a história! – disse Frederico deslumbrado.

- Nossa... – disse José olhando para Frederico – Então você soube da história não é? Assim eu fico até sem jeito, me sentindo um famoso!

- É, - disse Frederico dando as costas para José e indo para sua escrivaninha – e eu também. Então senhor – já sentado em sua cadeira – o que tenho para fazer hoje?

- Bem, nesses primeiros dias você vai observar a rotina e fazer pequenas coisas, grampear etc. Daqui a umas duas semanas você estará apto a trabalhar! Confio em você!

Nesse momento a porta se abre, e por ela entra o chefe de José com uma papelada na mão.

- De onde você tirou isso? – perguntou o chefe ranzinza.

- Ué, eu fui nesses locais pessoalmente depois que fui informado sobre o ocorrido. – respondeu José.

- Talvez não tenhamos autorização para publicar isso, você sabe, a veracidade tem que ser comprovada. – disse o chefe.

- Tenho as fotos com os documentos de tudo, e há testemunhas. – respondeu sorrindo José.

- De qualquer forma tem que ir para mais avaliações, continue fazendo seu trabalho enquanto isso. – disse grosseiramente antes de sair da sala batendo a porta.

- É, você está vendo o que acontece aqui não é? E pode ter certeza: sou eu quem um dia mudará isso, eu e aqueles que se aliarem a mim. – disse José sorrindo e olhando para Frederico, que pensava “Com quem eu me metí?”.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

4 – Nostalgia, drogas, corrupção e ascensão.

Depois de uma longa e confortável noite de sono Patrícia acorda, mas nem tudo estava certo, algo havia saído errado, pois sentia um peso na consciência, algo que fez a incomodara...

- Depois do que ele fez isso era muito menos do que realmente merecia – pensou ela sobre o ocorrido com seu primo. Estava em estado de reflexão e lembrando de fatos passados de sua vida, de como ela adquiriu o ódio pela própria família, entre uma das principais causas, estavam os fatos que ocorreram durante seu ensino médio. Patrícia mesmo estudando em um colégio que tinha a maior magnitude na cidade, havia feito uma melhor amiga, Eliza, uma garota que era bolsista, não provinha de uma família importante, estava lá por mérito. As duas começaram a sair juntas, com outras amigas, que haviam formado um grupo, mesmo sendo menores de idade saiam para beber escondidas. Então veio o fato, no segundo ano do ensino médio Patrícia queria mais emoções, então depois da última aula da primeira sexta de maio de 2002 conseguiu algo que ia além do álcool, maconha, elas gostaram da ideia, menos Eliza, que estava resistindo...

- Isso é longe demais para mim Patrícia, e se... e se nos pegarem? – dizia Eliza com medo.

- Pare de besteiras amiga, ninguém vai nos pegar, vamos estar escondidas no banheiro de cima o qual não usam, no último andar, você vai nos deixar sozinhas nessa? – retrucou Patrícia.

Eliza meio que negando e receosa foi com elas, subiram até o ultimo andar do colégio Mariana e entraram no banheiro. Patrícia acendeu, sugou, e as outras foram em seguida, Eliza totalmente receosa, foi a última, se engasgou com a fumaça, e eram alguns momentos, quando de repente...

- O que significa isso!? – apareceu a zeladora na porta do banheiro – Eu as vi subindo juntas, essa hora para cá, e sabia que ia ser algo que não era bom, me deem isso – e tirou os cigarros de maconha da mão delas – e me acompanhem, vocês se deram muito mal. – e as escoltou até a sala da diretora, onde teve uma longa conversa com elas, e seus pais foram chamados.

Houve muita discussão, acordo e coisas assim, mas no fim das contas estava tudo resolvido... mas não para todas. Na outra semana, depois da suspensão de todas, elas se reencontraram, menos uma, Eliza.

- O que houve com Eliza? – perguntava para todos, mas sem obter respostas, no fim da aula, que passou sem concentração alguma, Patrícia ligou para a casa de Eliza...

- Eliza! O que houve com você, você está doente!? – perguntou preocupada Patrícia.

- Não... só que já fui transferida... – respondeu com sua doce voz Eliza.

- Transferida!!? – exclamou Patrícia – porque você saiu do colégio? Seus pais devem tê-la tirado depois do que aconteceu mas eu converso com...

- Olha só, eu fui a culpada por fornecer as drogas e por entregar para elas, então eu fui expulsa do colégio no primeiro dia, o pai de uma das meninas que era da polícia acabou encontrando um de meus fornecedores. – cortou Eliza.

- O quê!!? – gritou Patrícia – Você sabe que isso não é verdade, fui eu quem forneci as drogas! Isso é injusto, vamos resolver isso na justiça!

- Patrícia... – disse calmamente Eliza – A justiça é de quem tem poder, pelo menos no nosso país, não tem mais jeito, a expulsão foi a uma semana.

- Mas você nem tem culpa! Você nem queria ir!

- Olhe... se eu não quisesse eu não iria, ninguém me obrigou a nada, eu fui por quê quis. Já está feito Patrícia, é só isso. Ah, e mais uma coisa, não me ligue mais, ok? Beijos, tchau.

E Eliza desligou dando ao menos tempo de Patrícia dizer um tchau. Patrícia estava chorosa, com raiva, e com nojo de tudo que havia acontecido, então foi até a sala da diretora, esclarecer as cois...as...

- Fui eu diretora! Eu que arranjei as drogas, eu que consegui um fornecedor, Eliza nem queria ir! – dizia num ato de desespero Patrícia.

- Minha querida – respondeu a diretora – não tente ajudar sua amiga... no mesmo dia descobriram sobre ela, que ela se aproximava de vocês para vender drogas e...

- CALA A BOCA! – interrompeu Patrícia enfurecida enquanto deu um tapa violento em todas as coisas que estavam na mesa – Ela era a MINHA amiga, ela perdeu a bolsa dela por MINHA causa, eu só queria concertar tudo, mas pelo que vejo não há justiça nessa MERDA aonde eu to!!

- Pare de se exaltar, isso já vai lhe dar sérios problemas aqui...

- VAI TOMAR NO CU! – interrompe novamente – CORRUPA FILHA DA PUTA! FUDIDA! – gritava Patrícia apontando o dedo para a cara da diretora – EU SINTO NOJO DESSE CHIQUEIRO AONDE EU ESTOU! E JÁ ESTOU SAINDO!

- Não tão fácil... – retrucou a diretora - você vai ter que esperar seus pais depois dessa, você pode ter certeza que ganhou mais folga...

- ENFIE SUAS REGRAS NO CU! VOCÊ AINDA NÃO ENTENDEU? EU TO SA-IN-DO!

Então Patrícia abriu a porta e bateu saindo, se deparou com vários alunos na porta, era possível ouvir seus gritos em quase todo o colégio, estavam todos olhando pra ela, inclusive suas amigas, ela saiu andando rapidamente e sem olhar para ninguém enquanto abriam espaço para ela passar.

Chegou em casa brigando inutilmente com seus pais, o que havia feito não queria que fosse desfeito. Depois de um tempo, sozinha arrumou um colégio público para estudar a noite, e começou a trabalhar como atendente de uma farmácia, aonde ganhava um salário mínimo, e revendia perfumes Avon, estudava a noite e morava sozinha em um kitnet que arrumou, até completar 18 anos e passar em um concurso da polícia mas logo entrou para o exército.

Depois desse trauma, ela decidiu ir contra toda sua família, queria ser a verdadeira lei para derrubar as injustiças, mas percebeu que jogou seus 8 anos de luta no lixo, com uma única ligação que havia feito na noite passada...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

3 - Uma Peça...

Depois que chegou estressado e abatido em sua casa, caminhou direta e rapidamente para seu quarto, sentou-se na cama e ligou o computador, sua mãe irritadíssima e preocupada abriu a porta do quarto bruscamente exclamando:
-Frederico! O aonde você... meu Deus! O que houve com você meu filho? Sua cabeça está sangrando!
Frederico, antes de se dirigir à sua mãe, digirou o login e senha de usuário do computador,
somente em seguida virou para ela, o que a deixou profundamente irritada, então disse:
-Foi so uma batida de ônibus mãe... não aconteceu nada...
-COMO não aconteceu nada?? - Exclamou enfurecidamente a mãe - Você poderia ter sofrido algo pior ou até estar no hospital! E eu nunca saberia o que aconteceu com você.
-Tá, tá... desculpa mãe, eu deveria ter dado satisfação a você, mas o que eu posso fazer? Parar de andar de ônibus?
A mãe de Frederico apertou os olhos olhando para cima, passou a mão nos cabelos pra tras e disse:
-Querido... você sabe como é a cidade em que vivemos... a uma hora dessas da noite sair sem ter um motivo e com suas coisas assim é perigoso, porque caso você sofra um acidente vai dar chance para lhe roubarem...Nessa hora, Frederico deixou escapar uma cara, que o entregava, e como toda mãe sabe quando essa cara é feita, a mãe de Frederico olhou para ele e fez um sinal de reprovação movimentando o rosto e apertando os lábios, em seguida saiu do quarto.
Sem ao menos tomar banho, começou sua busca, pela simbologia que havia sonhado. Procurou em sites de misticismo e afins, e achou muitas interpretações para uma pirâmide, muitas explicações eram coerentes umas com as outras, o que o deixava mais curioso, mas uma delas lhe chamou atenção...

"A pirâmide é um símbolo de poder e equilibrio, tudo tem uma grande base, que vai se afindando até chegar ao topo, onde o maior poder e controle da pirâmide toda está concentrado, é como se fosse aonde tudo se concretiza, onde a lei se faz, para um mundo em equilíbrio é nescessário que poucos o domine..."

Ao mesmo tempo que achou que fez sentido, sentiu um certo calafrio com isso
, o quanto essa pessoa do topo da pirâmide seria importante? Influente? E também não concordava com essa idéia de uma minoria controlando tudo, afinal, para uma pirâmide se sustentar pecisava de uma base...
Enquanto procurava respostas, lembrou-se de seus e-mails! Que não havia checado antes de começar tudo, sentiu um peso nas costas que deveria se livrar, então abriu sua caixa de e-mails e encontrou dois novos, um de um email aleatório que leu primeiro, antes de
olhar o assunto do outro. "Parabéns! Jovem iluminado! Faltam poucos passos agora.", mas que diabos? Isso de novo? Desta vez com um outro e-mail... Frederico ja estava ficando inquieto com essas coisas anônimas sem sentido, não queria mais ter dor de cabeça então pulou para o próximo e-mail. Quando viu, seus olhos negros brilharam para a tela, ele teria sido aceito para um estágio, quase que milagrosamente, na cabeça dele, pois ele se achava o pior exemplo de estudante, e era em um jornal influente, estava extremamente feliz, depois disso que havia acontecido, então queria beijar os pés do sujeito que seria o seu chefe, leu o nome com todo o prazer, que era...


José Lemos chegou a sua casa absurdamente estressado, jogou os cadernos na mesa e o seu notebook na cama, tomou um demorado banho bem gelado em seu box de apartamento sozinho, e em seguida foi escrever a matéria para o outro dia, então se depara com o e-mail de seu novo estagiário, dizendo que recebeu o e-mail e que no outro dia ele estaria no escritório dele. Como um insano, E.E. deu uma risada e disse para si mesmo:
-Ao menos isso foi como eu esperava hoje...
Então, E.E. pega o celular e faz uma ligação, a primeira não é atendida, mas a segunda sim...
-Desculpe por ligar tão tarde... - disse E.E. - mas é que eu precisava simplesmente ligar para dizer que a nossa peça chave foi incluída!
Então fez menção de quem estava ouvindo algo, provavelmente uma aprovação, e prossegiu...
-Sim, é ele mesmo, e ele aceitou o estágio, que se tudo for como eu espero virará um emprego, e logo depois nossa chave para o domíno, para a verdade! Ou melhor, para a nossa verdade...
Novamente fez menção de quem estava ouvindo algo e gargalhou, respondendo positivamente, até desligar o celular e rir histéricamente.
Ainda de toalha, foi a cozinha, preparou café e foi tomar, enquanto escrevia sua matéria, com um sorriso malicioso no rosto...

domingo, 3 de outubro de 2010

2 - Sobrevivência

"Quem diabos é você?"
"Eu ja disse! Sou um jornalista!" - Explicava-se José.
Depois de ter chegado na delegacia foi logo dirigindo-se a quem achava ser o detido, começou a fazer perguntas, mas foi bloqueado por Patrícia...
-O que um jornalista faz meia noite em uma delegacia querendo entrevistar um detido? - Perguntava Patrícia.

-Ora! Os jornais sempre fazem isso, você sabe muito bem...
-Sim eu sei, o que sei é que nenhum jornal sai meia noite para entrevistar um detido por assalto à farmácia.
-Não foi so um assalto, foi assalto, assassinato e roubo de carro!
-Mas qual é o problema de vocês jornalistas?
-E a cara dele também é conhecida não é? Senhor Maurício Barbosa.
Maurício apoiava o rosto na mão, em um gesto que expressava extremo cansasso e exaustão, parecia que a qualquer momento iria vomitar. Mas o jornalista não estava muito preocupado com isso, mas ao olhar para a identificação de Patrícia...

-UAU! Então a policial que o deteu é parente de Maurício Barbosa? As coisas estão esquentando... - Enquanto anotava em seu caderno - E eu tenho todo o direito de entrevistar o suspeito se ele concordar com isso.
-Você vai me deixar em paz então? - Perguntou Maurício em um ar sério e ja irritado.
-Claro! So quero o suficiente para a notícia.
Então, eles se dirigiram a uma sala na delegacia, pequena e desconfortável, aonde ele poderia ouvir o depoimento de Maurício:

-Eu tenho várias doenças crônicas de nascência, e uma delas é um desequilibrio hormonal, meus pais me deram remédios até eu superar essa doença, que voltou de certa forma recentemente... Eu fazia um tratamento caríssimo, que não era problema para a minha família, o problema eram os efeitos do medicamento que tiravam a minha vontade e me davam febre. Enfim, eu ficava agressivo repentinamente quando em crise da doença, e hoje foi pior que isso, tive uma crise psicótica e precisava de um medicamento que me controlasse, que fosse para ansiedade, e como sou formado em medicina eu sabia do que precisava, meu pai disse que no dia que eu voltasse a ter os sintomas, ele teria que me mandar novamente para o tratamento, mas eu teria que sair do país, e tenho uma boa razão para não fazer isso, o que não é o caso dizer aqui, então resolvi de uma forma sem ter que ir a algum médico pedir remédio controlado, e como eu estava em crise acho que devo ter me alterado demasiadamente. Contratei um mercenário pra me ajudar a simplesmente roubar a farmácia, mas não esperava que houvesse uma blitz de polícia la perto, que destruiu tudo... Justamente pela pessoa que sempre esteve acima de mim em tudo na família... Patrícia.
-Espera aí, então vocês são mesmo parentes. Mas que tipo de doença é essa? E porquê você escolheu aquela farmácia justamente?

-É uma doença rara... eu tinha todos os tipos de transtornos e alucinações quando era criança, ouvia vozes, via pessoas, imaginava coisas que nunca tinham acontecido, era um total caos. O mercenário disse que conseguiria os remédios, mas como não consegiu eu disse que ja tinha pagado, então ele disse que so havia outro jeito, um assalto, eu questionei, dizendo que ele estava louco, eu não havia feito uma coisa dessa antes, senti uma forte dor no peito, estava me motivando a isso, até que topei. Chegando la apontamos a arma e anunciamos o assalto, mas algém na rua deve ter visto nitidamente, eu era inexperiente e estava desesperado, achando que iria ter um ataque a qualquer momento, se é que não ja estava tendo, então ele viu que eu não estava totalmente consciente e pensou em desistir no fim, quando eu o matei...
-Não perdi uma so palavra do que você disse... isso tudo é tão inacreditavel, mas ainda me pergunto o que você teme...
Nesse momento a porta da sala se abre bruscamente e entra uma mulher, de aproximadamente 35 anos, vestida com blazer, usando óculos, cabelos curtos e encaracolados acompanhada com dois homens que provavelmente eram seguranças.
-Mas que showzinho barato é esse? - Disse com seu tom arrogante.
-Estou entrevistando o criminoso... - começou José até ser interrompido pela mulher.
-E por acaso você é algum tipo de advogado? Porque eu sou, advogada do suspeito e vim tira-lo daqui.
-Mas você não pode fazer isso, ele acaba de ser preso por assalto e assassina... - novamente interrompido.
-Meu cliente não matou ningém, nem roubou nada, ele foi pego por engano, e estou tirando-o daqui...
Mauricio pondo a mão no rosto com uma expressão de que algo que não esperava nem queria que acontecesse tivesse acontecido, então levantando a cabeça novamente em direção à mulher diz:
-Amanda... O quê você está fazendo aqui?
-Seu pai me mandou, você não pode ficar aqui por muito mais tempo, precisa se cuidar agora que está doente novamente...
José indignado, levanta-se e bate com a mão fechada na mesa encarando Amanda e diz:
-Isso é um absurdo, não há mais nem um tipo de justiça nesse país como vejo.
Amanda, com o mesmo ar de superioridade e pretensão diz:
-Olhe, um conselho, como amiga que sou de sua empresa, se você gosta de seu emprego, sugiro que fique em silêncio e finja que nada aconteceu.
Depois de terminar, deu uma leve sacodida com a cabeça apontando para Maurício. Os dois seguranças foram em direção a ele, ele tentou resistir empurrando-os, mas eles o seguraram e amanda aplicou uma injeção nele, que caiu desmaiado e um dos seguranças colocou-o no ombro e saiu pela porta. José indignado foi junto quando sai, escorada na parede ao lado da porta encontra Patrícia, de costas para a sala, num ar indiferente olhando para os quatro saindo da sala. José, extremamente irritado põe-se na frente dela e diz, quase rosnando:
-Foi você, não foi!?
E ela levanta os olhos pra ele rindo levemente e diz:
-Casos de família não é? Ele sempre foi um garoto problemático, ele passou de todos os limites, eu simplesmente tive que ligar para o meu tio.
José, se segurando para não dar um tapa nela, sai da delegacia indignado, e quando chega na porta ela ainda diz com um ar sarcástico:
-Boa sorte, com sua matéria...
Ele nem vira-se para ouvir, entra no carro, bate a porta, joga o notebook com força no banco de tras e da dois socos no guidom, se escorando nele, depois da partida no carro e vai para sua casa, sozinho...

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

1 - Electric Eye

"Onde está o maldito notebook!?"
"Aonde está o maldito caderno!?"
"Aonde enfiei essa câmera inútil!?"
Exclamava o grande repórter sensacionalista de belém, buscando seus materiais para um grande furo que conseguira.
Narcizista, educado, inteligente são as palavras certas para descrever José Lemos, ou (como gosta de ser chamado) Electric Eye. Se formou em jornalismo mas acabou por se apaixonar pela profissão de reporter depois de uma experiência de estágio. Desde então começou a buscar e investigar fatos e leva-los para a empresa a qual trabalha. Usava alguns artifícios de filmagem e observação, o maior deles foi filmar um traficante com uma câmera escondida em seu óculos, desde então foi chamado de Electric Eye, e esta noite um de seus informantes da delegacia apontou que uma pessoa importante havia sido detida, e que daria um belo furo, e um belo cachê, que é a palavra mágica para E.E. Lemos.
"Achei!"
Enfim, depois de se aprontar, correu para seu carro e encaminhou-se à delegacia, ansioso e entusiasmado para ser o arauto desta notícia bombástica...

Ouvindo vozes, lentamente, e abrindo os olhos sentindo uma dor na cabeça enquanto toca a testa que foi batida, Frederico acorda com pessoas o rodeando, totalmente impressionado e desorientado, quando foi olhar as horas, viu algo que ja esperava, seu relógio havia desaparecido, seu celular também, e ningém no ônibus viu nada, como ele também ja esperava. Começa a perguntar para as pessoas o que havia acontecido, elas explicam do assalto, da perseguição ao bandido que havia ocorrido, do parceiro baleado.
Nada era o bastante, como ele pode deixar a pessoa no topo da pirâmide escapar dessa forma? O que ele poderia fazer era simplesmente voltar pra casa e buscar de outras formas uma resposta. Com as sobras do dinheiro ele pega e decide voltar para casa. Na volta percorre todo o percurso admirando a cidade assim como na ida, esperando por um sinal que possa alcança-lo.

Patrícia acorda na delegacia, com uma vergonha enorme pois sabia que seria chacotada como a "dama" da delegacia, então evitou conversas, mas uma coisa a incomodara, a visão da mão com um terno azul estendo a mão a ela vindo da luz. O que poderia ser?
Enquanto ela pensava sobre isso um de seus companheiros chegou a ela dizendo que haviam detido o assaltante e que tiveram uma surpresa, era um membro de uma família importante no estado, melhor dizendo, filho do patriarca, Mauricio Barbosa. Ela, achando que havia sido uma piada foi até a parte da delegacia aonde ele estava preso, e aparentemente passando mal, ela checou e confirmou quem ele realmente era. Inquieta, ela viu que ele estava suando muito, estava pálido, por mais que ja fosse branco, e sua pressão estava baixa. Logo começou a se perguntar porque ele estaria roubando uma farmácia? Sua família tem dinheiro...
-Aonde estão as evidencias, o material que ele roubou?- perguntou Patrícia.
-Para quê? Ele ja está preso... - respondeu um oficial
-Posso simplesmente ver a bolsa? - retrucou.
O oficial irritado pegou a bolsa e deu à Patrícia, quando ela abriu, teve uma surpresa, 5 caixas de remédios tarja preta fechados, ela pensou "ele deve precisar disso..." mas logo pensou "então porque não comprou levando receita ou simplesmente subornou o farmacêutico, ja que possuia muito dinheiro..." então ela pensou que ele poderia estar tendo uma overdose dessa medicação, até que ouviu aquela voz sussurando...
-Por... por favor....
Era Maurício pedindo o remédio, um oficial mandou ele se calar, então ele disse.
-Mas eu posso não aguentar, eu preciso realmente deste remédio...
Num passo de intuição Patrícia resolveu faze-lo, dar o remédio.
Todos os outros oficiais a contrariaram, mas ela disse que não o deixaria morrer, ele pode ter matado mas isso não era motivo para ela ser sádica ao ponto de ve-lo morrendo na sua frente.
Após alguns minutos ele ja se sente bem, e quando prepara-se para fazer a ligação a qual tinha direito, a porta da delegacia abre, e um sujeito bem vestido entra, com um notebook e um caderno...