Depois de sua noite de sono, a qual mal dormiu de tanta ansiedade para o outro dia, Frederico levanta-se da cama, boceja e se espreguiça com um sorriso no rosto, ansioso para iniciar seu dia como novo estagiário no maior jornal da cidade, Liberton. Mal deu tempo de tomar banho ou café, pois ele já estava preparando os documentos para levar em sua filiação ao seu futuro chefe.
- Mas não é que você tomou banho rápido hoje... – disse sua mãe, como se suspeitasse de algo – O que houve?
- Ah, desculpe por não ter lhe contado mãe, mas eu fui chamado para estagiar no jornal Liberton ontem a noite!
- Nossa filho! Que excelente! Estou muito feliz por você. – disse ela e abraçou o filho – Então acho melhor você ir logo para não se atrasar.
Ele não pensou duas vezes, deu mais uma mordida no pão e saiu apressado, puxando sua mochila e correndo para a rua. Olhou de novo as coisas que havia imprimido para checar o endereço e pegou um ônibus que o dirigiria ao seu destino...
Ao acordar aquela manhã, abriu seus olhos, sentindo muita dor nas costas, e vendo o teto branco, com uma luz, paredes brancas e acolchoadas e somente uma porta com uma pequena brecha. Levantou-se, irritado, com dor no pescoço, e foi até a porta que estava lacrada por fora. Começou a bater furiosamente, até que um sujeito de jaleco e máscara de hospital veio até ele e ativou um dispositivo de comunicação dizendo:
- You must rest a little more...
“Você deve descansar um pouco mais…” pensou Maurício sobre o que havia dito. Estava confuso, pois não sabia aonde estava, a ultima imagem a qual se lembrava era a de Amanda vindo em sua direção com os seguranças...
- Onde eu estou? – perguntou Maurício em inglês ao suposto médico.
- Você está a salvo, não se preocupe, seu tratamento vai acabar logo e você voltará para casa. – respondeu o sujeito de branco.
- Onde diabos eu estou!? – insistiu Maurício, mas o médico simplesmente deu as costas e foi embora.
Ele percebeu que levou uma série de injeções, nos braços, no peito, no pescoço, e na perna. Mas que não haviam tocado nas partes íntimas dele, ele teve um alívio, pois havia guardado um pequeno celular que tinha nas partes íntimas, afinal, era morador de Belém, prevenir nunca é demais. Tirou o aparelho de lá no canto da sala, escondendo para que a câmera não o visse. E quando deu por si, estava fora de área de cobertura. Indignado, checou as horas, haviam se passado 14h dês da hora que havia sido preso, e segundo o último ponto de sinal aonde seu GPS havia passado, ele estava bem longe de casa... Na Inglaterra.
José havia ido cedo para o trabalho, cedo e animado, estava inquieto esperando Frederico, mesmo tendo marcado às 8h com ele e ainda sendo 7:30 estava apreensivo. Seu escritório parecia cada vez menor enquanto dava voltas dentro dele, até que a porta abriu, e por ela ele viu um garoto, de 1,70 de altura, corpo esbelto e branco, beirando a palidez, cabelos escuros e com leves ondulações desajeitadas, olhos escuros e fundos, e uma cara de espanto também, pois quando entrou na sala o seu chefe estava de pé próximo a porta...
- O senhor é José Lemos? – perguntou timidamente.
- Prazer. – respondeu José, enquanto apertava a mão de Frederico e depois o abraçava – que bom que viestes, eu já estava inquieto, e muito ansioso para chegares.
- Desculpe se me atrasei – respondeu Frederico enquanto ficou vermelho – ma- mas eu achei que seria só 8h, e ainda são 7:45...
- Não se preocupe com isso – respondeu José enquanto o convidava a sentar em uma escrivaninha próxima a dele – é que você é meu primeiro estagiário, que solicitei recentemente, pois trabalhar só não estava dando muito certo... Mas então, deixando isso de lado, vamos conversar sobre você.
- Sim senhor, – concordou Frederico sem jeito, sentando na cadeira – sobre o que o senhor quer saber?
- Bem, – deu um leve sorriso enquanto segurava um papel em suas mãos – vamos começar sobre seu ensino médio. Consta aqui que você estudou no colégio Taeros não é? Entrou na turma 1A de 2005...
- Desculpe senhor, - interrompeu o jovem Frederico, com uma cara assustada – Isso não constava no meu currículo, qual a relevância dessa parte?
- Hahaha... – gargalhou José, olhou para o papel e em seguida para o garoto novamente – bem, então acho que você já sacou o que fazemos aqui, não? Somos repórteres investigativos! Essa é uma das habilidades que temos que ter, eu fui atrás de seu passado para saber com quem estava lidando. É uma fase importante sabia?
- Entendo de certa forma, - respondeu Frederico, ainda assustado – mas eu vou fazer de tudo para conseguir ser útil e...
- Espere aí – interrompeu José – se você estiver se referindo ao fato de não estudar jornalismo e sim publicidade saiba que essa é um a das razões para eu ter lhe chamado, eu precisava de alguém desse curso para a função que desempenho! Sei exatamente o que estou fazendo, afinal, sou um dos melhores repórteres investigativos dessa cidade.
- Então acho que conheço o senhor... por acaso você é o chamado Electric Eye!?
- Então eu não sou o único que sabe por aqui não é? – disse descontraidamente José, então se levantou e andou até a sua esquerda, abrindo um armário – venha cá Frederico, quero lhe mostrar uma coisa.
Frederico se levantou e andou até o armário aberto, José puxou uma porta disfarçada com um pequeno prego para puxar, e abriu outra parte do armário, aonde haviam objetos, papéis, canetas, fones e um óculos.
- Esse sim é o Electric Eye... – disse José olhando para os óculos enquanto apontava – Esse foi meu maior trunfo em certa investigação que fazia.
- Então esse é o óculos da câmera!? Impressionante ver ele assim parece até coisa de filme quando contam a história! – disse Frederico deslumbrado.
- Nossa... – disse José olhando para Frederico – Então você soube da história não é? Assim eu fico até sem jeito, me sentindo um famoso!
- É, - disse Frederico dando as costas para José e indo para sua escrivaninha – e eu também. Então senhor – já sentado em sua cadeira – o que tenho para fazer hoje?
- Bem, nesses primeiros dias você vai observar a rotina e fazer pequenas coisas, grampear etc. Daqui a umas duas semanas você estará apto a trabalhar! Confio em você!
Nesse momento a porta se abre, e por ela entra o chefe de José com uma papelada na mão.
- De onde você tirou isso? – perguntou o chefe ranzinza.
- Ué, eu fui nesses locais pessoalmente depois que fui informado sobre o ocorrido. – respondeu José.
- Talvez não tenhamos autorização para publicar isso, você sabe, a veracidade tem que ser comprovada. – disse o chefe.
- Tenho as fotos com os documentos de tudo, e há testemunhas. – respondeu sorrindo José.
- De qualquer forma tem que ir para mais avaliações, continue fazendo seu trabalho enquanto isso. – disse grosseiramente antes de sair da sala batendo a porta.
- É, você está vendo o que acontece aqui não é? E pode ter certeza: sou eu quem um dia mudará isso, eu e aqueles que se aliarem a mim. – disse José sorrindo e olhando para Frederico, que pensava “Com quem eu me metí?”.