quinta-feira, 18 de novembro de 2010

8- Visitante Mental

Depois de chegar em casa e receber todas as glórias que merecia, Frederico desabou em sua cama enquanto sorria, mal podia acreditar que finalmente tivera uma vitória desse cunho em sua vida, ele simplesmente precisava contar para alguns amigos o que havia acontecido, então ligou seu computador para entrar em um Messenger para dar a notícia a eles. Ligou o computador e entrou no Messenger, mas antes de qualquer coisa, foi para seu ritual sagrado de apagar e-mails. Logo de cara viu que o único e-mail que tinha era de um remetente estranho novamente, ele, já acostumado com isso, achava que era besteira, ou estava simplesmente preocupado com outras coisas, e o apagou indo falar com seus amigos pelo Messenger. Todos parabenizaram a ele, ele estava realmente cada vez mais satisfeito, até que ele ouviu seu celular tocando, uma mensagem havia chegado então ele pegou o celular e foi lê-la, ela dizia: “Jovem, você pode se esconder dos e-mails, mas não de si mesmo, muito cuidado com quem você se envolve para não ir para o lado ruim da coisa.”.

“Mas que droga!” Ele pensou, já que nem seu celular agora estava livre, mas uma coisa agora pelo menos era certa: a pessoa que mandou os e-mails o conhecia e era próxima, para ter o seu número de celular. Mas então ele começou a ficar preocupado com o fato de alguém poder querer fazer algum mal a ele, já que estava sendo perseguido e simplesmente não sabia quem poderia ser, e porque estava fazendo tudo aquilo. Ele não falaria a sua mãe porque sabe de todo o auê que ela faria, então preferiu guardar isso em segredo por enquanto, então ele olhou no relógio e viu que era hora de ir para a faculdade.

Depois de muito andar naquele corredor estreito e frio, Maurício se sentia zonzo e desconfortável e perguntava:

- Para onde você está me levando?

- Você verá quando estiver lá – respondeu a estranha mulher.

- Como você conhece tanto sobre a minha família? – ele perguntou.

- Jovem, quando se está em uma guerra, uma das melhores estratégias é conhecer seu inimigo antes de qualquer coisa, e conhecer muito bem. – ela respondeu.

Então continuaram andando pelo corredor que parecia infinito, até chegarem a uma porta de metal, com um único buraco que possibilitava a visão do que havia lá dentro, que estava escuro. A mulher disse:

- É aqui, chegamos.

- O que tem aí dentro? – perguntou Maurício.

- Olhe e veja com seus próprios olhos – disse ela.

Maurício olhou, mas estava escuro demais para ver qualquer coisa pelo estreito buraco, tudo o que viu foi uma mão, aparentemente pálida, em um corpo de alguém, que ainda estava respirando, então perguntou:

- Quem é ele?

- Ele também foi aprisionado aqui como você, mas eles o medicaram de forma tão pesada que ele ainda está em coma, nem acesso à chave dessa porta eu tenho, ele foi muito mais atado que você, que ainda pode se dizer sortudo – respondeu ela.

- Tudo bem, mas eu não tenho nada a ver com os outros, eu só quero que me tirem daqui! – respondeu Maurício.

A mulher por um instante abaixou a cabeça fazendo um gesto de desaprovação, mas logo a ergueu novamente e disse:

- Você tem muito mais a ver com ele do que pode imaginar.

Nesse momento, um vento forte e frio bateu, era possível sentir a tenebrosidade que entranhava na carne por esse ar, a mulher olhou pra trás, depois olhou para frente novamente com um olhar de desespero e disse:

- Meu tempo acabou! Mas acho que já lhe dei uma luz sobre o que estava acontecendo, espero que nos encontremos novamente, o mais cedo possível.

Nesse momento, como se o corredor ficasse pequeno eles foram tragados para frente da porta do quarto do de Maurício, então a mulher disse:

- Rápido! Deite em sua cama!

- Não vou voltar lá pra dentro, me leve com você, já que você vai fugir! – respondeu Maurício.

A mulher empurrou Maurício para dentro do quarto e fechou a porta em sua cara, e a trancou, então disse:

- Não posso te levar, desculpe-me.

- Eu sabia! Você é só mais uma como eles – respondeu ele.

- Logo logo você verá a besteira que está falando – respondeu ela enquanto saia de frente da janela da porta de metal.

Maurício começou a sentir uma tontura forte, vontade de cair, então ele cambaleando foi até sua cama e se deitou lá, até que a vontade foi mais forte e ele desmaiou de sono. Como se tivesse somente passado 3 segundos, ele acorda novamente, mas em sua cama do quarto branco novamente, pegou seu celular e viu que já era noite, e também percebeu que haviam lhe aplicado medicamentos recentemente, acreditara que aquilo havia sido um surto de delírio.

Algum tempo depois, um dos médicos chegou dizendo que ele poderia dar uma volta por fora do quarto agora, já que ele deve estar mais controlado. Conversando com o médico, descobriu que estava em um hospital psiquiátrico na Inglaterra, que sua família havia providenciado tudo e que estavam muito preocupados com ele, que deixar tudo acontecer naturalmente com o sistema brasileiro seria um escândalo para a família. Ele estava ficando menos preocupado agora com os fatos acontecidos, mas ainda havia algo lhe intrigando, pois havia realmente sentido verdade nas palavras daquela estranha mulher...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

7 - O Acordo

Depois de abrir seus olhos, Maurício levantou assustado, pois seu quarto agora parecia realmente uma cela, ele estava em um local pequeno, com uma cama de metal com colchão barato, paredes de pedra, sem reboco e somente uma vela em cima de um pires de metal iluminando o quarto. Então ele reparou que havia uma porta, que lentamente ia se abrindo até que naquela luz fraca de uma vela, uma mulher de meia idade surge através da porta, pele pálida, rosto enrugado, vestimenta aparentemente antiga, um vestido roxo com uma echarpe vermelha, seu cabelo tinha fios brancos e era amarrado em um coque para trás. Ela vira para Maurício e diz:

- Finalmente você acordou, já estava ficando sem esperanças.

- Quem é você? – perguntou ele enquanto se levantava de uma forma um tanto estonteada daquela cama desconfortável – Onde eu estou?

- Bem, atualmente sou sua única amiga verdadeira – disse ela – e você está no lugar mais seguro possível...

- Seguro? – disse indignado – Vocês me prenderam aqui! Só me tira daqui, já ouvi antes esse papo de me quererem bem.

- Por favor, compreenda que não estou com eles e que não tenho muito tempo, não podem me pegar aqui. – disse ela – Eu preciso lhe contar algumas coisas, creio que parte delas será contada tardiamente, mas será importante para você compreender parte do que se passou, e do que se passará.

- Do quê você está falando? – perguntou ele demonstrando curiosidade – E quem é você?

- Meu nome não importa, mas a primeira coisa que tenho para lhe dizer é: confie em ninguém, nem mesmo na sua família, aliás, muito menos em sua família. Há outros como você aqui, mas eles ainda estão dormindo, praticamente em coma, e eu tenho poucas esperanças de vê-los acordados como você. Você é diferente, por isso tantas coisas foram feitas, até por pessoas de sua família, para você, a pior de todas foi quando lhe privaram de seu próprio equilíbrio.

- O que você quer dizer com isso? – perguntou Maurício.

- Quero dizer que por anos você foi envenenado de todas as formas, social, mental e até física pela sua família, para servir de desculpa para você poder ser aprisionado e controlado. Chega até a ser irônico, eles lhe descontrolaram, para lhe controlar, e quando o dia do limiar chegasse, pudessem passar para uma próxima etapa, mas eles não contavam com que eu pudesse vir até você.

- Não estou entendendo absolutamente nada! – disse Maurício se levantando da cama – Você é a mais louca que apareceu pra mim nesse hospital, o pior de tudo é que você fala português, você deve ter vindo com a Amanda, eu nunca lhe vi, porque confiaria em você aleatoriamente e desconfiaria de minha família?

- Acho que na verdade sou a pessoa mais sóbria com quem você encontrou até agora. Uma razão para confiar? Você confia em alguém que te trai, te droga e te joga em uma cela? Aliás, não me resta muito tempo, preciso lhe mostrar uma coisa, - disse ela enquanto andava até a mesinha onde a vela estava e pegava a vela – vamos, ou vai ficar aí sozinho no escuro?

Então ela deixou a cela e Maurício deixou a cela também logo atrás dela, encontrando um corredor frio e úmido, feito com pedras, parecendo um calabouço de castelo, uma verdadeira masmorra, totalmente escura, iluminado somente pela fraca luz de uma pequena vela de chama trêmula...


- Se você veio até aqui para me irritar ou provocar acaba de perder seu tempo, já tive um excelente dia que nada pode estragar – disse José.

- Você, absolutamente, não está me entendendo ainda – respondeu Patrícia ainda sorrindo – não estou aqui com o objetivo de te ferrar, mas não vim aqui porque gosto de você, só estou aqui porque você é de meu interesse, você pode ser útil para desfazer a cagada que acabei fazendo sem intenção, ok?


- Claro, você deve estar muitíssimo arrependida de ter feito seu dever não é? Ou melhor, seu dever especial estando na polícia, proteger sua família, que te colocou nesse emprego, da justiça, como creio que devem ter fortes razões para quererem se proteger da mesma – respondeu ele.

Nesse momento, Patrícia abriu sua pasta e tirou um pacote de papéis, e o ergueu em direção a José, então disse:

- Já vi que, com toda razão, você não confia em mim, mas talvez isso sirva como um voto de confiança, ou pelo menos a garantia de que você tem algo contra mim, já que sei o quão perigoso como jornalista você é.

- Até parece que seu nome um dia aparecerá em alguma manchete falando algo negativo, logo verdadeiro, nesse jornal. – disse José enquanto pegava e lia os papéis – Documentos de emancipação, onde acho motivo para confiar em você vendo isso?

- Uau, pensei que você fosse mais esperto, – disse Patrícia enquanto cruzava os braços e se apoiava na parede ficando de lado para José – esse foi meu processo de requerimento de emancipação como membra da família, negado obviamente. Veja mais abaixo aonde moro des de os 18 anos, você acha mesmo que dependo dessa família? Nem um pouquinho. Quando liguei para a família foi para ferra-lo, pois sempre odiei sua personalidade, mimado... mas hoje de manhã descobri que o tiro saiu pela culatra, ele está na Europa agora, provavelmente tomando champagne e rindo de nossa cara, mas eu não pretendo ficar parada, e nos precisamos destruir o nome dele. Veja bem, você quer destruir o sistema desse jornal e tomar controle, você não faria aquele alvoroço todo para nada, tenho certeza que você tem algo em mente, afinal, era o sobrenome do dono do jornal que seria sujo, e eu quero destruir o poder dessa família, temos um objetivo em comum, e tenho uma ideia para começar, pelo modo o qual agiu você provavelmente sabe o que fazer depois, mas o mais difícil é começar, que é aonde eu entro, só basta saber se temos o apoio um do outro...

- Você pode ser uma aliada interessante para mim, mas... porque eu seria para você? – indagou José.

- Ué, você tem um objetivo forte assim como eu, então você será o melhor para me ajudar, afinal me trair seria trair a si mesmo, e digo o mesmo de mim. Tenho acesso ao interior da família, da lei e da elite desse jornal, acho que seríamos uma parceria perigosa. – disse Patrícia estendendo a mão para José – Aceita?

José hesitou um pouco, mas logo olhou para Patrícia, sorriu e apertou a sua mão dizendo:

- Só espero que tenha um bom plano.

- Não se preocupe – disse Patrícia – é algo ao nível Electric Eye.

- Então está tudo bem, se está ao meu nível dará mais que certo...