quinta-feira, 23 de setembro de 2010

0 - Acima da Pirâmide

Cores escuras, objetos disformes, chão azul, então luzes chegam por toda a parte, e o chão arrasta-se sob seus pés trazendo a montanha até Maomé, mas nesse caso, trazendo uma pirâmide, uma pirâmide cinza, vista de longe, com uma silhueta humanóide acima, longe demais para ser identificada, fora de total alcance, acima da pirâmide. Um som infernal é ouvido, um som ja conhecido, a musica que servira como despertador de seu celular toda manhã, é incrível como uma coisa que agrada, pode virar totalmente odiada se for associada a um evento que não agrade... e é assim que uma música ficou tão odiada, ele pegou o celular e desativou o alarme, brigando para não levantar, até que sua mãe lhe chama:
-Frederico! Vamos, levante, você ja está atrasado.
Todas as forças do mundo parecem o abandonar nessa hora, lutando e relutando para levantar, até que num forte impulso consegue erguer seu corpo, pega uma toalha e dirige-se ao banheiro, aonde começaria uma nova luta, para não dormir la dentro, liga o choveiro e se joga no chão fora do box, até que sua mãe o acorda novamente batendo na porta do banheiro e o chamando, vendo que não há mais jeito de fugir do destino, toma seu banho, ou quase, e sai do banheiro revigorado... e atrasado. Toma seu café as pressas e vai para a faculdade. Essa é praticamente a rotina diária de Frederico d'Augustus, um jovem de 20 anos estudante de publicidade. Suas amizades em sua faculdade são bem superficiais, assiste as aulas quase não assistindo e esforça-se o máximo para não se desleixar, o que é difícil para ele.
Para a maioria de sua turma, ele é um enigma, os seus colegas elaboram teorias sobre ele, de coisas simplistas até as mais mirabolantes conspirações. Enquanto está na faculdade conta os minutos para a aula acabar e ele voltar para sua casa, mas nesse dia em especial, ele queria terminar um jogo, por isso depois de sua aula ele voltou correndo para casa. Antes mesmo de trocar de roupa ou tomar banho ele liga o computador, e vai checar sua caixa de emails, que era seu ritual antes de começar a fazer algo, e pra sua infelicidade encontrou 1 email novo que teria que abrir, ele não conhecia o remetente, mas o assunto era "Enfim não é?". Ja esperando algum virus ou span, ele abre, não encontra links, nem arquivos, somente uma frase: "Procurando pelo sujeito da pirâmide?". Ao ler isso Frederico sente um calafrio e pensa:
-Mas que diabos é isso?
Resolveu perguntar direto ao remetente, e respondeu o email perguntando quem era, ficou o dia todo em casa mas não teve resposta, entrou no messenger e comentou isso com uns amigos, que ja não o levavam tão a sério por ele contar certos casos que aconteceram antes quando resolveu sair para dar uma volta...

Colocou um capacete, fechou o ziper da camisa e acelerou a uma velocidade incrível na moto quase atropelando um pedestre, chegou a seu destino, a delegacia de polícia, chegando la tirou o capacete mostrando seus belos cabelos ruivos ja conhecidos por la, tirou a jaqueta mostrando seu uniforme de policial militar, um dos policiais fala:
-Nossa Pati, você faz essas cenas para compensar seus atrasos?
E ela responde:
-Aqui me chamo cabo Barbosa, respeite, você sabe o quão longe eu moro, me atrasar um dia ou outro não é motivo para uma repreensão...
Então, o delegado aproxima-se, colocando a cabeça para fora de sua sala e diz:
-Chega Barbosa, va bater seu ponto.
Enfurecida, Patrícia Barbosa vai até a maquina registrar sua hora de chegada. Sabia que era discriminada por ser mulher, e vivia reclamando do machismo que ainda pairava no país, principalmente em provenientes do interior. Era discriminada por ser mulher e porque todos sabiam de sua história, o sonho dos seus pais era que ela fosse bailarina e cursasse direito, pois ela abandonou os 2 e foi fazer o que queria, seguir a carreira militar. Não ligava muito para que os outros pensavam, so saia do sério quando era vítima de injustiças por causa disso, o que era muito frequente.
Os policiais foram sendo escalados para sair em missões, e ela foi uma das únicas que ficou, até que, as 23:40 ela finalmente foi escalada para uma missão, estava ocorrendo um assalto em uma farmácia na pedreira, e ela teria que ir la negociar com os assaltantes, porque haviam refêns. Antes que alguém mais pegasse o caso, ela se preparou e saiu no carro com um dos policiais, justamente o que havia alfinetado quando chegou à delegacia. Foram na maior velocidade possivel para as ruas cheias, até que chegaram na farmácia, os dois assaltantes mascarados estavam la dentro com o caixa como refêm. Havia algo de errado, eles estavam em discordância, enquanto um (que aparentava ser menos experiente) estava querendo negociar e se entregar, o outro estava segurando o revolver firme na cabeça do refêm e não queria ceder, logo chegaram mais viaturas, Patrícia que ja tentava negociar com eles, oferecendo redução de pena e beneficios se soltassem o refêm, estava ficando tensa, quando o assaltante que ja queria desistir resolveu se entregar e consequentemente entregaria o outro. Ao ver isso, o outro mascarado tiro o revólver da cabeça do refêm e apontou para as costas do parceiro que estava fugindo e atirou, empurrou o caixa e saiu correndo para os fundos. Patrícia ficou chocada e irritada, e foi atras dele entrando pela farmácia e indo para a porta dos fundos, aonde encontrou uma grade no quintal escuro e um amontoado de caixas e containeres, então ela decidiu ser mais drástica. Puxou a arma e subiu no amontoado de caixas para passar, quando avistou o assaltante, ele havia entrado em um carro e estava arrancando, ela atirou tentando acertar a roda, mas errou, então ele arrancou a partida...

Frederico dava voltas e voltas de ônibus, mas não teve sorte, o motorista estava atrasado e ia rápido demais, mal parava nos sinais, ele olhava pro chão e o via se movendo para tras, deslisando sob seus pés e sob as rodas do ônibus quando ele ouve um forte som de freio, estava na pedreira e um carro vinha na contra-mão da rua que cruzava com a que seu ônibus estava indo, o motorista meio que tentou desviar mas acabou batendo num poste e o carro colidiu com outro carro que vinha ao lado do ônibus.
Frederico bateu a cabeça no vidro, e estava ficando tonto, as luzes do poste pareciam mais fortes e sua cabeça sangrava, quando de repente olhou para o lado de fora em sua tontura, e viu de certa forma uma pirâmide de entulho, caixas, containeres, e uma pessoa em pé em cima dela, olhando para a direção do carro, então caiu inconsciente desmaiado.
Patrícia, desceu do amontoado de caixas e foi correndo até o carro, o assaltante estava inconsciente, ela chamou os seus parceiros pelo rádio e chamou a ambulância, antes que a população tentasse fazer justiça com as mãos. No caminho para a delegacia no seu carro, sentiu uma tontura estranha e chegando a delegacia ela desmaiou, viu tudo escuro, e uma luz, uma pequena luz, muito longe, aonde havia uma mão a segurando...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Aonde Estamos?

"O Coração da Amazônia" ou "A Cidade das Mangueiras", basta saber disso para saber de onde se trata. Belém, a capital do estado do Pará que fica no Brasil. Cidade que sofreu preconceito por muito tempo, e sofre até hoje, recebeu forte influência francesa em sua arquitetura e é aonde ocorre uma das maiores manifestações religiosas católicas do mundo em outubro, o Círio de Nazaré.
É cercada por rios, basicamente, grande parte do seu terreno um dia foi alagado, exerce influência em suas cidades próximas (Ananindeua, Marituba, Benevides...) e possui uma
ilha-balneário, a ilha de Mosqueiro, que é aonde grande parte da população próxima vai em busca de suas praias de água doce.
Uma cidade extremamente quente e úmida. Em certos períodos do ano a partir de junho, a temperatura atinge até 40ºC e em dezembro começa o período de chuvas, quando a umidade chega até 99% e passam meses e meses chovendo, alguns dias até sem parar.


Falando tudo isso até parecemos estar falando do passado... E estamos.
A pequena cidade de Belém mudou muito nesses anos... e não foram so as pessoas, os periodos de chuva não estão mais regulares como antes, passa-se quase um ano sem chuva nenhuma praticamente e do nada vem uma chuva inesperada no mes de agosto...
A cidade da fé, hoje tem várias manifestações das chamadas "tribos urbanas", se é que pode-se estereotipar pessoas dessa maneira. Otakus, headbangers, emos, punkies e até neonazistas invadem as praças dias de fim de semana, cada um com sua panela. A violência na cidade aflorou, varios roubos, latrocinios, assassinatos ocorrem, o povo sem esperança por causa dos governantes que eles mesmos escolhem por não ter coragem de votar em algém que "sabem que não vai ganhar", como se não dependesse so do povo quem vai ser eleito...
Chuva de todos os tipos de preconceito banham a cidade, um ambiente poluido aonde a inversão térmica invade nossas casas como fantasmas a noite. Carros inundam as ruas provocando gigantescos congestionamentos, pessoas de outras cidades tem que pegar ônibus para vir para a cidade trabalhar, ônibus super-lotados.
Belém não é um paraíso, nem um inferno total, é uma cidade normal como outra, ou não tão normal assim...
Uma característica interessantíssima dessa cidade é que ela possui diversas "lendas urbanas", se é que o urbano pode ser apropriado às forças maiores que regiam esse local antes de ser urbano... Essa é a vantagem da Amazônia, ela sede suas crenças para seus filhos.
Não podemos reduzir uma cidade a vida de uma pessoa, mas também não podemos falar sobre todos, então o que proponho é por a cidade de certos pontos de vista, de um muito interessante...